Crônicas da rica diversidade humana

A ideia original desse texto era selecionar algumas séries e filmes que abordassem a cultura LGBT+ e retratassem personagens desse universo, seus problemas, desejos, conflitos e anseios na atualidade. Vivemos em uma sociedade cada vez mais aberta e plural, mas que volta e meia dá um passo atrás e acaba permitindo o surgimento de movimentos mais conservadores. Apesar dessas idas e vindas, hoje em dia, estamos muito melhor do que no passado. E isso se reflete nas produções audiovisuais sejam elas brasileiras ou estrangeiras.

Veja os anos 1990, por exemplo. Até pouco tempo, gays e lésbicas eram retratados como personagens com atitudes espalhafatosas, e muitas vezes ridicularizadas, nos programas de comédia da TV. Eram rotulados e estereotipados. Eu sou um millennial quase Geração X e vivi nessa década. Lembro como se fosse ontem da grande expectativa do primeiro beijo gay da TV brasileira.

Por outro lado, ganham cada vez mais espaço, e vão muito além da superficialidade, produções como “Me Chame pelo seu nome”, “Eu te amo, Simon” e “Angels in America”. Muito dessa visibilidade veio graças à Netflix, que tem um posicionamento pró-diversidade, com foco em inclusão e igualdade. Quase todas as séries da plataforma trazem personagens gays, apresentadas de forma natural como parte da narrativa.

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Eu sou um millennial quase Geração X e vivi nessa década. Lembro como se fosse ontem da grande expectativa do primeiro beijo gay da TV brasileira.

“Crônicas de São Francisco” é uma delas. Baseada no romance “Tales of the City” de Armistead Maupin, a produção estreou este mês de junho e traz a comunidade LGBT+ e seus personagens como o centro da narrativa.

 

Ao longo de dez episódios, acompanhamos histórias e romances de amigos de diferentes gerações.

 

Essa pluralidade, que muitas vezes leva a conflitos entre as personagens, é uma das grandes qualidades da série. Em determinado momento, personagens que beiram seus 50 anos, que viveram nos anos 1980 e perderam muitos amigos por causa da proliferação da AIDS, discutem com um jovem de 28 anos sobre rótulos e autopoliciamento. Não quero entrar no mérito de quem está certo ou errado, mas dar voz a esse tipo de debate é bastante enriquecedor e oportuno.

Queer, trans, gay e até héterossexual… são tantas orientações, e em uma comunidade como a retratada na série, todas têm espaço para desenvolver sua individualidade e conviver em harmonia com as outras. E é justamente isso que precisamos: lidar com as diferenças do outro sempre com respeito. É a diversidade de formações sociais e culturais que torna tão rica nossa sociedade. Essa diversidade que permite também a construção de uma comunicação mais plural e aberta ao diálogo.

Ao final de cada episódio, essa proposta inclusiva é reforçada também na bandeira do movimento LGBT+ apresentada nos créditos. Assim como nossa sociedade vai se transformando, o mesmo aconteceu com a bandeira do arco-íris criada, em 1978, por Gilbert Baker.

 

A versão original tinha oito cores: rosa, vermelho, laranja, azul, verde, turquesa, anil e violeta. De lá para cá, algumas saíram, e atualmente constam o marrom e o preto, que simbolizam os pardos e os negros LGBTs. Essa mudança reforça a essência do movimento, e da própria série, que é abraçar e dar voz a crônicas cada vez mais inclusivas.

por André Bürger, redator da Nós da Comunicação

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