Rosa Alegria é futurista profissional. Prever tendências, bem como orientar empresas na criação de novos produtos e serviços, que atendam as necessidades e expectativas de seus clientes, são suas especialidades. No dia 6 de junho, ela estará no RH-RIO, participando da Magna de abertura “Cenários e Tendências: Bem-Vindo ao Novo Mundo do Trabalho”. Fundadora do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP (NEF), Rosa adianta questões que serão aprofundadas no Congresso.
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Qual será o impacto da 4ª Revolução Industrial nas relações de trabalho?
Vamos ter a descontinuidade de velhos modelos de produção para a convergência tecnológica, que afetará cada área do conhecimento. Quando todos estiverem aparelhados e hiperconectados; fabricando produtos em suas próprias casas, produzindo e consumindo ao mesmo tempo; quando a automação passar a ser 100% radical e nos liberar de atividades rotineiras; vamos ter que nos reorientar em relação ao trabalho. A relação com o tempo será outra. Do tempo quantitativo para o qualitativo. Quem sabe, nem ouviremos mais falar em relógio nos próximos 15, 20 anos.
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As grandes multinacionais vão se estabelecer sob os novos paradigmas da economia (colaborativa, compartilhada, criativa…)?
Estamos ingressando na vigência de modelos ainda não muito bem nítidos, mas existem sinais e evidências de que as empresas já estão sentindo o impacto das novas realidades. As plataformas de open innovation; as centrais de negócios, que aglutinam pequenos negócios para fazerem frente aos grandes players; e o consumo-autoral, que será potencializado pelas impressoras 3D, são alguns exemplos. Em 2007, desenvolvi um estudo pautado na colaboração. À época, muitas empresas não aceitavam privilegiar a colaboração em detrimento da competição. Atualmente, essa é a realidade que tem pautado as novas relações de consumo e de trabalho. Quem não direcionar suas estratégias, considerando esses paradigmas, vai morrer em menos de 5 anos.
Por que há empresas que evitam a mudança?
Mais do que evitar, existe a resistência à mudança. Trabalho como futurista desde o ano 2000 e sempre enfrento a mesma situação. As pessoas resistem a ver o que está visível, mas não costumam abrir a janela para perceber o que acontece lá fora, ou até em seu próprio quintal. Tento antecipar aos clientes mudanças que serão tendências nos próximos anos, mas é muito comum esperarem até aquilo acontecer, após algum tempo, e, assim, perdem a oportunidade de liderarem o mercado.
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Qual impacto que essas transformações vão ter nas universidades?
As universidades, tal qual hoje operam, estão em fase de extinção. Ao invés de prepararem profissionais para lidarem com a mudança, instalando estudos sobre o futuro em seu currículo, ainda se importam com o passado, como se estivessem ainda olhando apenas para o retrovisor. O passado serve como referência, mas não pode ser um espaço de residência.